Revista Brasileira de Farmacognosia
Print version ISSN 0102-695X
Rev. bras.
farmacogn. vol.16 no.3 João Pessoa July/Sept. 2006
doi: 10.1590/S0102-695X2006000300014
ARTIGO
Avaliação
dos efeitos centrais dos florais de Bach em camundongos através de modelos
farmacológicos específicos
Evaluation
of central effects of Bach Flowers Remedies in mice using specific
pharmacological models
Márcia M. De-SouzaI,*; Milene GarbelotoI;
Karin DenezII; Iriane Eger-MangrichI
INúcleo de
Investigações Químico Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
do Vale do Itajaí, Rua Uruguai 458, Centro, 88202-302, Itajaí, SC, Brasil
IICurso de Naturologia Aplicada, Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Florianópolis, Av. Pedra Branca 25, 88132-000, Palhoça, SC, Brasil
IICurso de Naturologia Aplicada, Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Florianópolis, Av. Pedra Branca 25, 88132-000, Palhoça, SC, Brasil
RESUMO
Os Remédios Florais de Bach (RFB), constituem um
método alternativo de tratamento usado largamente na terapêutica de várias
patologias em muitos países do mundo. Os RFB são reconhecidos como tratamento
natural pela OMS desde 1956. Embora o mecanismo de ação dos RFB ainda não tenha
sido elucidado, eles vêm sendo indicados para o tratamento de várias doenças
neuropsiquiátricas. O objetivo do presente trabalho foi detectar possíveis
efeitos centrais dos RFB em modelos farmacológicos utilizados na pesquisa de
substâncias com efeitos ansiolíticos, hipnóticos, antidepressivos e
neurolépticos. Para tanto, camundongos receberam um tratamento agudo via oral
(0,45 mL) 1 hora antes dos testes. Os resultados mostraram que os florais Gorse
e, em conjunto, White chestnut, Agrymony e Vervain exibiram perfis antidepressivo
e hipnótico, respectivamente. No modelo de ansiedade foi detectado efeito
ansiolítico do floral Agrymony. Entretanto, não foram observados efeitos
neurolépticos do floral Clematis. Os resultados nos levam a sugerir que os
efeitos centrais dos florais avaliados podem ser parcialmente detectados
através de modelos farmacológicos utilizados na pesquisa de agentes
psicotrópicos.
Unitermos: Remédios
Florais de Bach (RFB), modelos farmacológicos, depressão, ansiedade,
esquizofrenia, insônia.
ABSTRACT
The Bach Flowers Remedies
(BFR's) are worldwide used as an alternative therapeutical approach for several
pathologies, being considered by WHO as natural therapy since 1956. Despite the
unknown mechanism of action, the BFR's have been widely used on treatment of
several neuropsychiatry diseases. Based on pharmacological models used to
detect ansiolitic, antidepressant, hypnotic and neuroleptyc effects of
different substances, the aim of this work was to evaluate possible central
effects of the BFR's. For this purpose, albino mice received BFR's treatment
(0.45 mL) by oral route 1 hour prior to each test. The results revealed that
the Gorse flower alone and a mix of White chestnut, Agrymony and Vervain showed
antidepressant and hypnotic effects, respectively. On the anxiety model,
Agrymony showed an ansiolitic effect but no neuroleptyc effects were observed
for Clematis floral therapy. The herein described results allow us to conclude
that the studied BFR's central effects may be partially detected through pharmacological
models currently and widely used on psychotropic agents research.
Keywords:
Bach Flowers Remedies
(BFR's), pharmacological models, depression, anxiety, schizophrenia, insomnia.
INTRODUÇÃO
Os Florais de Bach ou Remédios Florais de Bach
(RFB) consistem em um tipo de medicação alternativa usado intensamente nos dias
de hoje, isoladamente ou em associação com a medicação alopática.
São considerados como instrumentos de cura suaves,
sutis, profundos, vibracionais, com uso reconhecido em mais de 50 países e
aprovados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1956 (Mantle, 1997). Os
florais, como um instrumento de trabalho terapêutico, devem ser entendidos
também como expressão de uma forma de pensar, sentir e atuar na vida em geral.
Embora seja bastante claro que o sistema
terapêutico dos Florais de Bach é distinto daquele utilizado pela homeopatia, o
Dr. Bach foi bastante influenciado pelas idéias de Hahnemann e isto é refletido
na filosofia e na aplicação dos RFB (Van Haselen, 1999). Bach, trabalhando
inicialmente como médico alopata, depois homeopata especializado na pesquisa em
bacteriologia no Hospital Homeopático de Londres, concluiu que a origem de
qualquer doença deve ser investigada no âmbito das manifestações emocionais
prévias. Estes desvios emocionais são provavelmente o alvo de atuação dos
florais (Leary, 1999).
Como os remédios homeopáticos, os RFB sofrem
intenso processo de diluição. Eles são usualmente produzidos por gotejamento de
essência de flores frescas em água, formando uma solução a qual é
subseqüentemente adicionado o "brandy", originando a "tintura
mãe". O "brandy" tem função preservativa do floral, para ser
usado posteriormente (Chancellor, 2000). Não foram encontrados ainda na
literatura quaisquer indícios de que os RFB possuem substâncias químicas
provenientes das plantas que os originam, que explicassem seus efeitos
terapêuticos. Os proponentes para este tratamento afirmam que seu modo de ação
não depende de mecanismos moleculares comparáveis a terapêutica convencional. Assim
como os remédios homeopáticos, eles exercem sua ação através da
"energia" que é transmitida das flores para o remédio (Armstrong;
Ernst, 2002). Como essa "energia" é de difícil quantificação, muitos
críticos ao tratamento argumentam que os Florais de Bach (e todos os outros
atualmente utilizados terapeuticamente) são na realidade simplesmente placebos
(Fricke, 1999; Armstrong; Ernst, 2001). Além disso, trabalhos utilizando a
metodologia científica com o intuito de estudar mais profundamente a eficácia dos
RFB são bastante escassos. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho
foi detectar os efeitos centrais dos RFB, em camundongos, através de modelos
farmacológicos específicos, amplamente utilizados na triagem de substâncias
psicotrópicas farmacologicamente ativas (Almeida et al., 1999; 2001; Sousa et
al., 2004).
MATERIAL E MÉTODOS
Animais
Foram utilizados camundongos Swiss machos, pesando
entre 18 a 35 g, obtidos do Biotério Central da UNIVALI, onde eram aclimatados
a 22 ± 2 ºC, em um ciclo de 12 h claro e 12 h escuro e tratados com ração e
água "ad libitum". Os animais foram mantidos no laboratório 1
h antes da realização dos experimentos para aclimatação. Esta pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, através do parecer nº
30/1998.
Florais de Bach e drogas utilizadas nos
experimentos
Para selecionar os florais que foram avaliados, foi
realizado um minucioso estudo sobre as principais características de pacientes
portadores de doenças neuropsiquiátricas e os RFB aplicados em sua terapêutica.
Desta forma, os seguintes florais foram selecionados: Agrymony, para a
ansiedade; Gorse, para a depressão; Clematis, para a esquizofrenia; e em
conjunto os florais Agrymony, White chestnut e Vervain, para a insônia. Os
florais foram preparados utilizando-se 2 gotas das essências em 30 mL de água
mineral. O conservante normalmente utilizado ("brandy"), não fez parte
destas preparações para excluir uma possível interferência do álcool sobre o
comportamento dos animais. Entretanto, um grupo que foi tratado com
"brandy" o conteúdo de álcool presente na solução foi de 0,171 mLs
calculados a partir do teor alcoólico do "brandy" (38.5%). Foram
também utilizados os seguintes fármacos: anfetamina, pentobarbital sódico,
apomorfina, imipramina (SIGMA, EUA) e diazepam (CRISTÁLIA, Brasil).
Tratamento
Os experimentos foram conduzidos utilizando-se um
experimento do tipo cego. Grupos de 10 a 15 animais receberam um tratamento
agudo através da administração oral de 0,45 mL da solução de cada um dos
florais testados. Após 1 hora, os animais foram submetidos aos testes
farmacológicos. Ensaios com os controles positivos (fármacos utilizados
alopaticamente) e negativos (veículo onde foi diluído os florais) foram
realizados nas mesmas condições.
Modelos farmacológicos utilizados
Avaliação do efeito antidepressivo: Para detectar o efeito antidepressivo foi utilizado o teste do nado
forçado ("forced swimming test"). Este teste foi desenvolvido
por Porsolt; Bertin e Jalfre (1977) para a pesquisa com drogas antidepressivas.
Após o tratamento com o floral Gorse, veículo ou imipramina (10 mg/kg), o tempo
de imobilidade foi cronometrado. Os animais utilizados no teste foram
submetidos previamente a condições de estresse (baixa temperatura por 1h)
durante 5 dias consecutivos (Jay et al., 2004).
Avaliação do efeito ansiolítico: Para detectar o efeito ansiolítico foi utilizado o teste do Labirinto em
Cruz Elevado (LCE). O teste foi realizado segundo Pellow e File (1987) e Imhof
et al. (1993). Os animais foram tratados com o floral Agrymony e com os
controles positivo (diazepam - 0,75 mg/kg) e negativo (veículo).
Avaliação dos efeitos sobre a atividade locomotora: A fim de excluir a possibilidade de que os florais pudessem atuar
sobre o sistema motor dos animais, comprometendo os resultados dos testes
comportamentais, os mesmos foram submetidos a uma sessão de teste em campo
aberto ("Open-Field"), após o tratamento com os florais, como
descrito por Rodrigues et al. (1996).
Avaliação do efeito hipnótico: Para detectar o efeito hipnótico do conjunto de florais White
chestnut, Agrymony e Vervain, foi utilizado o teste de indução do sono por
barbitúricos, conforme descrito por De-Souza et al. (2003). Adicionalmente, um
grupo de animais também foi tratado com brandy (substância alcoólica na qual os
florais normalmente são diluídos) com o objetivo de verificar se tal substância
poderia interferir nos efeitos observados terapeuticamente.
Avaliação do efeito neuroléptico: Para detectar o efeito neuroléptico, foi utilizado como modelo animal
de esquizofrenia, o teste de indução da estereotipia (comportamento de "klibing").
Foi observado o comportamento de subidas ("Klibing") e/ou
descidas da gaiola, conforme os vários graus de estereotipia, como estabelecido
por Naidu e Kulkarni (2002).
Análise estatística
Foi realizada por meio de análise da variância seguida
pelo teste de múltipla comparação, utilizando-se o método de Dunnett e/ou
Newman-Keuls, quando apropriado. Valores de p < 0,05 foram considerados como
indicativos de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos mostram que, após o tratamento
agudo com os Florais de Bach, os efeitos centrais podem ser detectados através
de diversos modelos farmacológicos.
Com relação ao modelo de depressão, avaliado
através do teste do nado forçado, os animais pré-tratados com o floral Gorse
apresentaram significativa redução do tempo de imobilidade (F = 39,38) p <
0,01, quando comparado com o grupo de animais tratados com o veículo (Figura 1).
Entretanto, este efeito não foi superior aquele observado com a imipramina, um
fármaco utilizado terapeuticamente para o controle de depressão maior (Brunello
et al., 2002). O objetivo deste modelo foi reproduzir, no animal, um
comportamento semelhante à doença e que fosse sensível às drogas clinicamente
efetivas. O modelo se baseia na observação de que roedores, quando forçados ao
nado, adotam uma postura de imobilidade após um período inicial de agitação. Um
animal é considerado imóvel quando flutua ou faz movimentos necessários apenas
para manter sua cabeça acima da água (Borsini; Meli, 1989; Raghavendra; Kaur;
Kulkarni, 2000). Etologicamente, este modelo se compara ao estado de anedonia
que o paciente depressivo apresenta durante o curso da doença. Portanto,
animais "deprimidos" tendem a apresentar tempo de imobilidade
elevado, o que não foi observado no grupo pré-tratado com Gorse (Figura 1), sugerindo
um efeito antidepressivo deste floral.
O uso dos florais de Bach no tratamento da
depressão endógena e/ou reativa já é realidade desde a década de 90. Chancellor
(2000) e Ernst (2002) afirmam que indivíduos com este tipo de transtorno reagem
muito bem ao tratamento com os RFB e, Masi (2003) reforça tal afirmação através
de experimentos controlados. Entretanto, a eficácia da terapêutica só se aplica
a casos de depressão leve. Em casos mais graves, os RFB são associados aos
antidepressivos tradicionais. Segundo Bach (1990), dos remédios utilizados,
Gorse é o apropriado para os casos em que o paciente apresenta alto estágio de
desesperança. Este efeito pôde ser observado no presente estudo, onde animais
tratados com Gorse e, submetidos ao teste do nado forçado, mostraram-se muito
mais ativos e apresentaram menor desesperança quando comparados aos animais do
grupo controle (Figura 1).
Entretanto, embora o floral em estudo tenha aumentado o comportamento de
imobilidade dos animais, um efeito antidepressivo maior foi observado com o uso
da imipramina.
Entre as anomalias do sono, a insônia é uma das que
mais acomete a população, atualmente. A insônia prejudica o desempenho do
indivíduo, principalmente por interferir nos processos de atenção, humor,
cognição e memória (Benca et al., 1997; Roth; Costa e Silva; Chase, 2001;
Jessup et al., 2004; Mazza et al., 2004). Para o tratamento da insônia
utilizam-se agentes hipnóticos (Maher, 2004). Uma substância com propriedades
hipnóticas é aquela que diminui a latência para o sono e aumenta seu tempo
total (Norup, 2002). Desta forma, em modelos farmacológicos de sono, o composto
que interfere nesses dois parâmetros de forma significativa, possui efeito
hipnótico. Com relação a esse efeito, o conjunto de florais utilizado neste
trabalho (White chestnut, Agrymony e Vervain), produziu de forma significativa
[(F = 10,30) p < 0,05] a redução da latência (Figura 2A) e,
simultaneamente aumentou o tempo total de sono (Figura 2B) [(F =
10,40) p < 0,05], sugerindo, portanto, o efeito hipnótico dos florais
avaliados.
Como os RFB utilizados na terapêutica são normalmente
diluídos em substância alcoólica (Van Haselen, 1999), a qual possui efeitos
hipnóticos (Kobayashi et al., 2002), um grupo controle, com brandy (teor
alcoólico de 38% nos 0,45 mLs administrado aos animais), também foi avaliado.
Interessantemente, verificou-se que não houve modificações nos parâmetros
experimentais relacionados ao sono dos animais pré-tratados com brandy quando
comparados com o controle, o qual recebeu apenas o veículo no qual os florais
testados foram diluídos (água mineral). Estes resultados sugerem que os florais
e, não o brandy, é que são responsáveis pelas alterações benéficas nos padrões
do sono dos usuários insones. O tratamento dos distúrbios do sono com os RFB
também tem sido descrito. Chancellor (2000), cita que o conjunto de florais
aqui utilizado é indicado para pacientes ansiosos que exibem alterações no
ciclo circadiano. Também tem sido relatado que indivíduos insones se adaptam
muito bem à terapia com os florais de Bach, dispensando a medicação com os
hipnóticos tradicionais, como os barbitúricos e benzodiazepínicos (Khong; Sim;
Hulse, 2004).
Os resultados observados na Figura 3 referem-se
aos dados obtidos com os animais tratados com o floral Agrymony e submetidos ao
modelo de ansiedade. O LCE é um modelo etológico que se baseia na aversão
natural dos roedores por lugares abertos e claros e falta de tigmotaxia
(Lister, 1987; Treit; Pesold; Rotzinger, 1993). O LCE foi validado de forma
farmacológica, etológica e fisiológica por Pellow e File, em 1985. O aparato é
feito de madeira e consiste de dois braços abertos opostos e dois fechados. Os
braços fechados estão conectados por uma plataforma central e elevados a uma
altura de 45 cm do nível do piso. Substâncias ansiolíticas induzem um
comportamento de exploração dos braços abertos do labirinto, aumentando a
freqüência de entradas nesses braços, bem como o tempo em que os animais o
exploram. Como mostra a Figura 3, o
tratamento com o floral Agrymony, promoveu uma tendência ao aumento [(F =
13,52) p < 0,05] na freqüência de entradas (painel A) nos braços abertos e
aumento do tempo (embora sem significância estatística) de permanência dos
animais nesses braços (painel B). Os mesmos parâmetros (painéis C e D) foram
reduzidos de forma estatisticamente significante nos braços fechados [(F =
11,52) p < 0,05; (F = 8,06) p < 0,05], sugerindo um possível efeito
ansiolítico do floral Agrymony.
Trabalhos recentes vêm reportando o uso dos Florais
de Bach no tratamento da ansiedade. Armstrong e Ernest (2001) avaliaram de
forma randomizada e duplo cega os efeitos do Rescue (um RFB usado em situações
emergenciais) em 100 indivíduos com sintomas de ansiedade. Os pacientes que
usaram o remédio floral tiveram redução significativa dos sintomas
apresentados.
Recentemente, Wonchenscher (2003) demonstrou que o
efeito placebo não foi encontrado em vários ensaios clínicos realizados com os
Florais de Bach, contrapondo as alegações feitas por Walach e sua equipe (2001)
de que os RFB exibem efeito placebo. A hipótese de efeito placebo para os RFB
vem sendo gradualmente descartada, uma vez que os efeitos benéficos dos mesmos
também são observados em animais, tendo os RFB ampla aceitabilidade na clínica
veterinária, onde este efeito não pode ocorrer (Chancellor, 2000).
Procurando excluir a possibilidade de que o
tratamento com o floral pudesse estar influenciando o sistema motor dos animais
e, conseqüentemente interferindo nos resultados dos modelos adotados, os mesmos
camundongos tratados para a ansiedade e depressão foram submetidos ao teste em
campo aberto ("Open-field"). Como mostra a Tabela 1, a
performance dos animais tratados com os florais não difere dos controles, nos
dois parâmetros comportamentais avaliados.
Os florais de Bach também foram testados em um
modelo animal para substâncias neurolépticas. Os modelos animais de
esquizofrenia se baseiam principalmente no antagonismo do efeito dos
neurolépticos sobre o sistema motor dos animais (Thongsaard, 1997; Wirshing,
2004). O modelo de estereotipia se caracteriza pela indução farmacológica da
hiperatividade dopaminérgica por drogas como a apomorfina ou a anfetamina e, a
posterior aplicação de substâncias com possíveis propriedades neurolépticas. No
modelo, a hiperatividade dopaminérgica (hipótese da disfunção neuroquímica
envolvida na gênese da esquizofrenia) foi induzida com apomorfina, um agonista
não seletivo dos receptores D2. A aplicação de apomorfina induz no animal um
comportamento estereotipado quantificado através da movimentação (ou não) do
mesmo durante o teste. Substâncias com propriedade neurolépticas induzem um
comportamento de catalepsia fazendo com que o animal permaneça no assoalho da
gaiola (Naidu; Kulkarni, 2002). Como observado na Tabela 2, os animais
tratados somente com o controle positivo haloperidol (neuroléptico clássico)
apresentaram grau zero, não sendo observadas alterações significativas nos
animais tratados com o floral Clematis, quando comparados com o controle
negativo (veículo).
Embora a terapia com florais esteja sendo indicada
para o tratamento das doenças neuropsiquiátricas, os estudos científicos sobre
o assunto são escassos na literatura. Os poucos que existem e, que foram
publicados em revistas indexadas, recebem críticas ferrenhas enfatizando um
possível efeito placebo. Por outro lado, em espécies onde os florais são
utilizados com êxito (os animais na clínica veterinária), o efeito placebo é
descartado uma vez que os mesmos são desprovidos de elementos neurofisiológicos
responsáveis pela auto-sugestão (Chancellor, 2000). Desta forma, o efeito
terapêutico dos Florais ainda não foi esclarecido, mas é passível de
comprovação científica. No presente estudo, através dos resultados obtidos,
reconhecidamente pode-se sugerir que os efeitos centrais dos Florais de Bach
podem ser detectados através de modelos farmacológicos específicos como ocorre
com os fármacos terapeuticamente reconhecidos.
REFERÊNCIAS
Almeida RN, Navarro DS, Barbosa-Filho JM 2001. Plants with central
analgesic activity. Phytomedicine 8: 310-322. [ Links ]
Almeida RN, Quintans-Júnior LJ, Barbosa-Filho JM,
Agra MF, Araújo CC 1999. Metodologia para avaliação de plantas com atividade no
sistema nervoso central e alguns dados experimentais. Rev Bras Farm 80: 72-76. [ Links ]
Armstrong NC, Ernst E 2001.
A randomized, double-blind, placebo-controlled trial of a Bach Flower Remedy. Complement
Ther Nurs Midwifery 7: 215-221. [ Links ]
Bach E 1990. Ye suffer from
yourselves. In: Howard J, Ramsell J (org.) The original writings of Edward
Bach. Saffron Walden: The CW Daniel Company Ltd., vol.240, p.28-68. [ Links ]
Benca RM, Okawa M, Uchiyama
M, Ozaki S, Nakajima T, Shibui K, Obermeyer WH 1997. Sleep and mood disorders. Sleep
Med Rev 1: 45-46. [ Links ]
Borsini F, Meli A 1989. Is
the forced swimming test a suitable model for revealing antidepressant activity?
Psychopharmacol 94: 147-161. [ Links ]
Brunello N, Mendlewicz J,
Kasper S, Leonard B, Montgomery S, Nelson J, Paykel E, Versiani M, Racagni G
2002. The role of noradrenaline and selective noradrenaline reuptake inhibition
in depression. Eur Neuropsychopharmacol 12: 461-475. [ Links ]
Chancellor MP 2000. Manual ilustrado dos
Remédios Florais de Bach. São Paulo: Pensamento. [ Links ]
De-Souza MM, Bella Cruz A, Schumacher MB, Kreuger
MRO, Freitas RA, Bella Cruz RC 2003. Métodos de Avaliação de Atividade
Biológica de Produtos Naturais e Sintéticos. In: Bresolin TMB, Cechinel Filho V
(org.). Ciências Farmacêuticas contribuição ao desenvolvimento de Novos
Fármacos e Medicamentos. 1.ed. Itajaí: Univali, p.109-168. [ Links ]
Ernst E 2002. "Flower
remedies": a systematic review of the clinical evidence. Wien Klin
Wochenschr 114: 963-966. [ Links ]
Imhof JT, Coelho ZM,
Schmitt ML, Morato GS, Carobrez AP 1993. Influence of gender and age on
performance of rats in the elevated plus maze apparatus. Behav Brain Res 56:
177-180. [ Links ]
Jay TM, Rocher C, Hotte M,
Naudon L, Gurden H, Spedding M 2004. Plasticity at hippocampal to prefrontal
cortex synapses is impaired by loss of dopamine and stress: importance for
psychiatric diseases. Neurotox Res 6: 233-244. [ Links ]
Jessup SK, Malow BA, Symons
KV, Barkan AL 2004. Blockade of endogenous growth hormone-releasing hormone
receptors dissociates nocturnal growth hormone secretion and slow-wave sleep. Eur
J Endocrinol 151: 561-566. [ Links ]
Kobayashi T, Madokoro S,
Wada Y, Misaki K, Nakagawa H 2002. Effect of ethanol on human sleep EEG using
correlation dimension analysis. Neuropsychobiology 46: 104-110. [ Links ]
Lister RG 1987. The use of
pluz-maze to measure anxiety in the mouse. Psychopharmacol 92: 180-185. [ Links ]
Masi MP 2003. Bach flower
therapy in the treatment of chronic major depressive disorder. Altern Ther
Health Med 9: 108-110. [ Links ]
Mazza M, Della Marca G, De
Risio S, Mennuni GF, Mazza S 2004. Sleep disorders in the elderly. Clin Ther
155: 391-394. [ Links ]
Naidu PS, Kulkarni SK 2002.
Differential effects of cyclooxygenase inhibitors on haloperidol-induced
catalepsy. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry 26: 819-822. [ Links ]
Norup PW 2002. Sleeping
disturbances and pharmacological/nonpharmacological interventions in old
people. Ann Univ Marie Curie Sklodowska [Med] 57: 530-534. [ Links ]
Pellow S, File SE 1985. The
effects of putative anxiogenic compounds (FG 7142, CGS 8216 and Ro 15-1788) on
the rat corticosterone response. Physiol Behav 35: 587-590. [ Links ]
Pellow S, File SE 1987. New
adaptations in Plus - Maze laberint. Pharmacol Biochem Be 24: 525. [ Links ]
Porsolt RO, Bertin A,
Jalfre M 1977. Behavioral despair in mice: a primary screening test for
antidepressants. Arch Interna Pharma Ther 229: 327-336. [ Links ]
Raghavendra V, Kaur G,
Kulkarni SK 2000. Anti-depressant action of melatonin in chronic forced
swimming-induced behavioral despair in mice, role of peripheral benzodiazepine
receptor modulation. Eur Neuropsychopharmacol 10: 473-481. [ Links ]
Rodrigues AL, Rocha JB, Mello CF, Souza DO 1996. Effect of perinatal lead
exposure on rat behaviour in open-field and two-way avoidance tasks. Pharmacol Toxicol 79: 150-156. [ Links ]
Roth T, Costa e Silva JA, Chase MH 2001. Sleep and cognitive
(memory) function: research and clinical perspectives. Sleep Med 2: 379-387. [ Links ]
Sousa FCF, Gutierrez SJC, Barbosa-Filho JM,
Fonteles MF, Viana GS 2004. Antianxiety and antidepressant effects of riparin III from Aniba
riparia (Nees) Mez (Lauraceae) in mice. Pharmacol Biochem Be 78:
27-33. [ Links ]
Thongsaard WA 1997.
Barakol, a natural anxiolytic, inhibits striatal dopamine release but not
uptake in vitro. Eur J Pharmacol 319: 157-164. [ Links ]
Treit D, Pesold C,
Rotzinger S 1993. Dissociating the anti-fear effects of septal and amygdaloid
lesions using two pharmacologically validated models of rat anxiety. Behav
Neurosci 107: 770-785. [ Links ]
Van Haselen RA 1999. The
relationship between homeopathy and the Dr Bach system of flower remedies: a
critical appraisal. Br Homeopath J 88: 121-127. [ Links ]
Walach H, Rilling C,
Engelke U 2001. Efficacy of Bach-flower remedies in test anxiety: a
double-blind, placebo-controlled, randomized trial with partial crossover. J
Anxiety Disord 15: 359-366. [ Links ]
Wirshing DA 2004.
Schizophrenia and obesity: impact of antipsychotic medications. J Clin
Psychiatry 65: 13-26. [ Links ]
Wonchensher CP 2003. The
effect of Bach-flower remedies in test anxiety. Complement Ther Nurs Midwifery 3: 142-144. [ Links ]
Recebido em 15/09/05
Aceito em 23/02/06
Aceito em 23/02/06
All the contents of www.scielo.br, except where otherwise noted, is
licensed under a Creative Commons Attribution License
Sociedade Brasileira de Farmacognosia
Universidade
Federal do Paraná, Laboratório de Farmacognosia
Rua Pref. Lothario Meissner, 632 - Jd. Botânico
80210-170, Curitiba, PR, Brasil
Tel/FAX (41) 3360 4042
revista@sbfgnosia.org.br
Rua Pref. Lothario Meissner, 632 - Jd. Botânico
80210-170, Curitiba, PR, Brasil
Tel/FAX (41) 3360 4042
revista@sbfgnosia.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário