Sunday, 11 May 2008, 21:57 | | 5 comentários
Postado por Fábio BettiSomos 99% responsáveis pelo nosso destino. Subtrai 1% dessa conta, porque sempre há, sim, o poder do imponderável, um estímulo que vem de fora e que nos pega pelo braço em direção a uma escolha que não é nossa. Porque o outro também escolhe, mas, certamente, nada que se compare às nossas próprias escolhas. Basta que se pegue duas pessoas colocadas frente ao mesmo fato. Cada uma fará sua própria interpretação e, não raras vezes, poderemos ter duas reações completamente opostas. Uma poderá reagir positivamente, e a outra exatamente o contrário, isto é, se abalará de tal maneira que a mais remota possibilidade de ela estar enganada com esse julgamento será motivo para que renegue qualquer sopro de esperança que ameace sua certeza pétrea na impossibilidade de fuga do sofrimento. Essa também é uma definição de pessimismo.
O pessimista encara de tal forma o destino, que opiniões opostas serão usadas de maneira distorcida para comprovar que sua tese é a correta. Olha só a voz do pessimista: "basta olhar a sua volta para ver como o mundo se deteriorou. Os noticiários mostram um percentual duas ou três vezes maior de desgraças do que de trajetórias felizes." Pessimistas têm sempre um arcabouço infindável de argumentos de defesa para suas teses. Os finais trágicos são um potente combustível para os eles.
Mas prometi uma lista e aqui está minha lista de fatos que apresentam fortes indícios de que se está “vivendo” anestesiado. Anestesia que tanto pode significar privação parcial ou total da sensibilidade quanto produção de inconsciência completa, relaxamento muscular e ausência da sensação da dor, o que comprova mais uma vez que não existe nenhuma experiência de contato tão estreito com a morte do que a experiência provocada por esse processo de anestesia auto-induzida. Mas vamos à lista!
Você já está anestesiado quando acha normal ficar 12 horas trancado num cubículo cheio de pó e ar viciado, dirigir mais 3 horas, dormir outras 6 e só reservar, no máximo, 3 horas para fazer algo por si mesmo.
Você já está anestesiado quando ocupa sua vida de tal maneira que realmente não sobra tempo para ocupar-se consigo mesmo.
Você já está anestesiado ou melhor, ainda mais anestesiado, quando usa as 3 horas que tem por dia para se anestesiar com outras drogas como televisão, isolamento e medo.
Você já está anestesiado quando não se importa mais com as notícias de tragédias que são despejadas sobre você como a narração de uma corrida de cavalos. Você só se interessa pelos números: quantos morreram? Quem, não importa. Lembre-se, ou melhor, esqueça-se: você está anestesiado!
Você já está anestesiado quando não repara mais que seu companheiro ou sua companheira também é como você, cheia de angústias, desejos, necessidades, medos. Você trata essa parceria da mesma forma como você contabiliza tragédias: com frieza e distanciamento.
Você já está anestesiado quando escolhe a dor ao amor, quando se apega à raiva e não à compaixão, quando você renuncia ao prazer pelo poder, quando perde a fé em si mesmo, quando nada mais parece importar a não ser a tentativa de repetição de tudo o que já foi e, portanto, já está morto.
Você já está anestesiado quando a realidade é tão distante da fantasia que a única saída parece ser o caminho do auto-engano.
Mas se você está anestesiado, é porque aplicou a anestesia em si mesmo. Porque os outros realmente podem lhe causar algum mal em determinada circunstância de sua vida, mas só você pode agir por toda a eternidade. E pode começar quando quiser, inclusive, neste instante…
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